Experiência Inicial na Prostatectomia Radical Extraperitoneal Assistida por Robot com o HUGO RAS: Análise Comparativa com a Prostatectomia Radical Laparoscópica

Autores

  • Miguel Marques Monteiro Urology Service, Unidade Local de Saúde de Santo António, Porto, Portugal https://orcid.org/0000-0002-8222-0511
  • Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Urology Service, Unidade Local de Saúde de Santo António, Porto, Portugal; Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Urology Service, Unidade Local de Saúde de Santo António, Porto, Portugal
  • Urology Service, Unidade Local de Saúde de Santo António, Porto, Portugal; Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Urology Service, Unidade Local de Saúde de Santo António, Porto, Portugal; Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Urology Service, Unidade Local de Saúde de Santo António, Porto, Portugal; Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto, Porto, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24915/aup.252

Palavras-chave:

Laparoscopia, Neoplasias da Próstata/cirurgia, Próstata/cirurgia, Prostatectomia/métodos, Procedimentos Cirúrgicos Robóticos

Resumo

Introdução:
O sistema Hugo™ RAS representa uma plataforma robótica inovadora, recentemente implementada no nosso departamento. Apesar da sua introdução, ainda existe uma escassez de dados relativamente à prostatectomia radical extraperitoneal assistida por robot realizada com este sistema. O nosso principal objetivo é comparar os resultados perioperatórios, funcionais e oncológicos durante a nossa experiência inicial da prostatectomia radical assistida por robot (eRARP), utilizando o Sistema Hugo™ RAS, com a tradicional prostatectomia radical laparoscópica tridimensional extraperitoneal (eLRP).

Métodos:
Realizamos uma análise retrospetiva, comparando homens diagnosticados com cancro da próstata localizado, que foram submetidos a eRALP ou eLRP num centro de referência terciário em Portugal. Estes procedimentos foram realizados pelos mesmos cirurgiões entre 2022 e 2023. A continência urinária foi definida como a não utilização de pensos e foi avaliada aos 3 meses após a cirurgia. Os resultados oncológicos foram determinados através da taxa de margens cirúrgicas positivas (PSM) e da avaliação da persistência de PSA (>0,1 ng/mL às 6 semanas). Os resultados secundários incluíram o uso de pensos protetores às 6 semanas e aos 3 meses após a cirurgia, o tempo operatório total, a perda sanguínea estimada, o tempo de internamento e o tempo de cateterização. As complicações até 3 meses após a cirurgia foram classificadas de acordo com o sistema Clavien-Dindo. A análise estatística foi realizada utilizando o SPSS Statistics 28, com significância definida para um valor de p de duas caudas <0,05.

Resultados:
Foram analisados e comparados pacientes submetidos a eRALP (n=50) e eLRP (n=59). As taxas de continência pós-operatória às 6 semanas e 3 meses após a cirurgia foram de 52,0% e 70,0% para eRALP e 42,4% e 64,4% para eLRP, respetivamente (p>0,05). A persistência do PSA foi observada em 16,7% e 23,7% para a eRALP e a eLRP, respetivamente (p=0,369). Não houve diferença estatisticamente significativa nas taxas de margens cirúrgicas positivas entre as duas modalidades cirúrgicas. Em relação aos resultados perioperatórios, a mediana do tempo operatório total foi maior para a eRALP comparado com eLRP (261 min [238–294] vs 177 min [157–200], p<0,001). Para a eRALP, a mediana do tempo de consola foi de 137 min (119–196), e o tempo médio de ancoragem foi de 4,6 min (IQR 4,1–5,2). A mediana de perdas sanguíneas estimadas foi de 200 mL (250–575) vs 150 mL (100–200) para a eRALP e eLRP, respetivamente (p=0,151). O tempo mediano para a remoção do cateter vesical foi menor para a eRARP (7 dias [7–8] vs 8 dias [8–10], p<0,001). Dos pacientes submetidos a eRALP, 92% tiveram um tempo de internamento inferior ou igual a dois dias, enquanto apenas 52,5% dos submetidos a eLRP cumpriram este critério (p<0,001). A única complicação intraoperatória registada foi a falha mecânica de um braço robótico, que exigiu a conversão para laparoscopia. Não foram registadas complicações intraoperatórias para a eLRP. Também não houve diferença estatisticamente significativa nas taxas de complicações até 3 meses após a cirurgia (eRALP 10,0% vs eLRP 10,2%, p=0,459).

Conclusão:
A prostatectomia radical extraperitoneal assistida por robot com o Hugo™ RAS demonstra resultados oncológicos e continência urinária comparáveis com a prostatectomia radical laparoscópica extraperitoneal. A eRARP com este sistema robótico parece permitir uma transição suave para a cirurgia robótica com resultados favoráveis.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

, Urology Service, Unidade Local de Saúde de Santo António, Porto, Portugal; Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto, Porto, Portugal



Referências

Culp M.B., Soerjomataram I., Efstathiou J.A., et al., Recent Global Patterns in Prostate Cancer Incidence and Mortality Rates. Eur Urol, 2020. 77(1): p. 38-52.

Ferlay J., Ervik M., Lam F., et al., Global Cancer Observatory: Cancer Today. Lyon, France: International Agency for Research on Cancer.

Park J.W., Won Lee H., Kim W., et al., Comparative assessment of a single surgeon's series of laparoscopic radical prostatectomy: conventional versus robot-assisted. J Endourol, 2011. 25(4): p. 597-602.

EAU Guidelines. Edn. presented at the EAU Annual Congress Milan 2023. ISBN 978-94-92671-19-6.

Esperto F., Cacciatore L., Tedesco F., et al., Impact of Robotic Technologies on Prostate Cancer Patients' Choice for Radical Treatment. J Pers Med, 2023. 13(5).

Stolzenburg J.U., Holze S., Neuhaus P., et al., Robotic-assisted Versus Laparoscopic Surgery: Outcomes from the First Multicentre, Randomised, Patient-blinded Controlled Trial in Radical Prostatectomy (LAP-01). Eur Urol, 2021. 79(6): p. 750-759.

Totaro A., Campetella M., Bientinesi R., et al., The new surgical robotic platform HUGO(TM) RAS: System description and docking settings for robot-assisted radical prostatectomy. Urologia, 2022. 89(4): p. 603-609.

Ngu J.C., Lin C.C., Sia C.J., Teo N.Z., A narrative review of the Medtronic Hugo RAS and technical comparison with the Intuitive da Vinci robotic surgical system. J Robot Surg, 2024. 18(1): p. 99.

Haglind E., Carlsson S., Stranne J., et al., Urinary Incontinence and Erectile Dysfunction After Robotic Versus Open Radical Prostatectomy: A Prospective, Controlled, Nonrandomised Trial. Eur Urol, 2015. 68(2): p. 216-25.

Marques-Monteiro M., Teixeira B., Mendes G., et al., Extraperitoneal robot-assisted radical prostatectomy with the Hugo™ RAS system: initial experience of a tertiary center with a high background in extraperitoneal laparoscopy surgery. World J Urol, 2023. 41(10): p. 2671-2677.

Gandaglia G., Martini A., Ploussard G., et al., External Validation of the 2019 Briganti Nomogram for the Identification of Prostate Cancer Patients Who Should Be Considered for an Extended Pelvic Lymph Node Dissection. Eur Urol, 2020. 78(2): p. 138-142.

Healy K.A., Gomella L.G., Retropubic, laparoscopic, or robotic radical prostatectomy: is there any real difference? Semin Oncol, 2013. 40(3): p. 286-96.

Guazzoni G., Cestari A., Naspro R., et al., Intra- and peri-operative outcomes comparing radical retropubic and laparoscopic radical prostatectomy: results from a prospective, randomised, single-surgeon study. Eur Urol, 2006. 50(1): p. 98-104.

Yaxley J.W., Coughlin G.D., Chambers S.K., et al., Robot-assisted laparoscopic prostatectomy versus open radical retropubic prostatectomy: early outcomes from a randomised controlled phase 3 study. Lancet, 2016. 388(10049): p. 1057-1066.

Coughlin G.D., Yaxley J.W., Chambers S.K., et al., Robot-assisted laparoscopic prostatectomy versus open radical retropubic prostatectomy: 24-month outcomes from a randomised controlled study. Lancet Oncol, 2018. 19(8): p. 1051-1060.

Porpiglia F., Morra I., Lucci Chiarissi M., et al., Randomised controlled trial comparing laparoscopic and robot-assisted radical prostatectomy. Eur Urol, 2013. 63(4): p. 606-14.

Basiri A., de la Rosette J.J., Tabatabaei S., Woo H.H., Laguna M.P., Shemshaki H., Comparison of retropubic, laparoscopic and robotic radical prostatectomy: who is the winner? World J Urol, 2018. 36(4): p. 609-621.

Stolzenburg J.U., Holze S., Arthanareeswaran V.K., et al., Robotic-assisted Versus Laparoscopic Radical Prostatectomy: 12-month Outcomes of the Multicentre Randomised Controlled LAP-01 Trial. Eur Urol Focus, 2022. 8(6): p. 1583-1590.

Lantz A., Bock D., Akre O., et al., Functional and Oncological Outcomes After Open Versus Robot-assisted Laparoscopic Radical Prostatectomy for Localised Prostate Cancer: 8-Year Follow-up. Eur Urol, 2021. 80(5): p. 650-660.

Asimakopoulos A.D., Pereira Fraga C.T., Annino F., Pasqualetti P., Calado A.A., Mugnier C., Randomized comparison between laparoscopic and robot-assisted nerve-sparing radical prostatectomy. J Sex Med, 2011. 8(5): p. 1503-12.

Ilic D., Evans S.M., Allan C.A., Jung J.H., Murphy D., Frydenberg M., Laparoscopic and robotic-assisted versus open radical prostatectomy for the treatment of localised prostate cancer. Cochrane Database Syst Rev, 2017. 9(9): p. Cd009625.

Jacobsen N.E., Moore K.N., Estey E., Voaklander D., Open versus laparoscopic radical prostatectomy: a prospective comparison of postoperative urinary incontinence rates. J Urol, 2007. 177(2): p. 615-9.

Ficarra V., Novara G., Ahlering T.E., et al., Systematic review and meta-analysis of studies reporting potency rates after robot-assisted radical prostatectomy. Eur Urol, 2012. 62(3): p. 418-30.

Rocco F., Carmignani L., Acquati P., et al., Restoration of posterior aspect of rhabdosphincter shortens continence time after radical retropubic prostatectomy. J Urol, 2006. 175(6): p. 2201-6.

Ippoliti S., Colalillo G., Egbury G., et al., Continence-Sparing Techniques in Radical Prostatectomy: A Systematic Review of Randomized Controlled Trials. J Endourol, 2023. 37(10): p. 1088-1104.

Begg C.B., Riedel E.R., Bach P.B., et al., Variations in morbidity after radical prostatectomy. N Engl J Med, 2002. 346(15): p. 1138-44.

Salazar A., Regis L., Planas J., et al., Early continence after radical prostatectomy: A systematic review. Actas Urol Esp (Engl Ed), 2019. 43(10): p. 526-535.

Bravi C.A., Paciotti M., Balestrazzi E., et al., Outcomes of Robot-assisted Radical Prostatectomy with the Hugo RAS Surgical System: Initial Experience at a High-volume Robotic Center. Eur Urol Focus, 2023.

Paciotti, M., Bravi C.A., Mottaran A., et al., Nerve-sparing robot-assisted radical prostatectomy with the HUGO™ robot-assisted surgery system using the 'Aalst technique'. BJU Int, 2023. 132(2): p. 227-230.

Busby D., Sood A., The Goldilocks principle: when to remove Foley catheter after robotic radical prostatectomy. Transl Androl Urol, 2022. 11(11): p. 1477-1479.

Develtere D., Rosiello G., Piazza P., et al., Early Catheter Removal on Postoperative Day 2 After Robot-assisted Radical Prostatectomy: Updated Real-life Experience with the Aalst Technique. Eur Urol Focus, 2022. 8(4): p. 922-925.

Publicado

2025-07-21

Edição

Secção

Artigo Original