Válvulas da Uretra Posterior: Experiência de um Hospital Nível III

Autores

  • Sónia Almeida Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro, Portugal
  • Mafalda Cascais Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Leiria, Leiria, Portugal
  • Carolina Cordinha Unidade de Nefrologia Pediátrica, Serviço de Pediatria Ambulatória, Hospital Pediátrico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Carmen do Carmo Unidade de Nefrologia Pediátrica, Serviço de Pediatria Ambulatória, Hospital Pediátrico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Clara Gomes Unidade de Nefrologia Pediátrica, Serviço de Pediatria Ambulatória, Hospital Pediátrico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Sílvia Coutinho Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Pediátrico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Manuel Ramos Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Pediátrico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • A. Jorge Correia Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Pediátrico de Coimbra, Coimbra, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24915/aup.36.1-2.77

Palavras-chave:

Criança, Doenças da Uretra, Obstrução Uretral, Uretra/anomalias congénitas

Resumo

Introdução: As válvulas da uretra posterior (VUP) são uma causa importante de obstrução congénita do trato urinário no sexo masculino, com repercussão na função vesical e renal. Neste estudo pretendeu-se caracterizar a clínica, tratamento, evolução e identificação de possíveis fatores de risco para doença renal crónica (DRC) de um grupo de crianças com VUP.

Métodos: Análise retrospetiva dos processos clínicos de crianças seguidas na Consulta de Nefrologia num hospital nível III entre janeiro 1999 e janeiro 2017. Variáveis analisadas: diagnóstico pré-natal, apresentação clínica, avaliação analítica e imagiológica, tratamento e evolução. Para análise estatística utilizou-se: Excel 2016® e Epi Info 7®, considerando-se significativo p < 0,05.

Resultados: Dos 23 casos de VUP incluídos no estudo, o diagnóstico foi sugerido por ecografia pré-natal em 16 e confirmado após nascimento, quatro tiveram diagnóstico no primeiro ano de vida e três depois dessa idade. As manifestações clínicas iniciais foram: lesão renal aguda (LRA) (n= 11), pielonefrite aguda (PNA) (n= 4) e alterações do jato urinário (n= 3). A mediana da creatinina (Cr) inicial foi 151 μmol/L. Todos apresentavam hidronefrose na ecografia pós-natal (bilateral em 22) 21 tinham alterações do parênquima renal e 19 espessamento parietal vesical. O diagnóstico foi realizado por cistografia radiológica, que também mostrou refluxo vesico-uretral (RVU) em 15 casos, bilateral em 10. Todas as crianças foram submetidas a fulguração, uma com vesicostomia prévia. O tempo médio de seguimento foi 7,5 anos, durante o qual 14 mantiveram PNA de repetição, sete RVU e 11 cursaram com disfunção vesical. Alguns casos necessitaram de outras intervenções cirúrgicas, que incluíram correção de RVU (n= 3) e nefrectomia unilateral (n= 2). Cinco (21,7%) evoluíram para DRC estadio ≥ 3, dos quais quatro iniciaram diálise com idade média de 9,3 anos. As PNA de repetição e o RVU bilateral associaram-se a evolução para o referido estadio (p 0,03 e p 0,049 respetivamente).

Conclusão: As VUP continuam a ser uma etiologia frequente da DRC na criança, apesar do diagnóstico e tratamento cada vez mais precoces.

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Publicado

2019-09-21

Edição

Secção

Artigo Original