Help Fight Modern “Bloodletting”

Authors

DOI:

https://doi.org/10.24915/aup.35.1-2.94

Abstract

A sangria, realizada através do uso de sanguessugas ou a flebotomia, foi uma prática médica comum desde a antiguidade até ao final do século XIX, por um período superior a 2000 anos. Só no início do século XX, cerca de um século depois de ter sido demonstrado o seu efeito nefasto, o seu uso se tornou residual. Mesmo assim, vários livros de medicina ainda a referiam como tratamento eficaz para diversas patologias.1 Compreende-se que os conhecimentos médicos na época eram diferentes, mas como é possível que algumas das melhores mentes da época se deixaram enganar durante tanto tempo? Como se perpetuou a utilização de um tratamento que na maioria dos casos era prejudicial? Como demorou tanto tempo depois de avaliado o seu efeito até deixar de ser utilizada e recomendada? Será que actualmente não se fazem tratamentos que estão de acordo com a concepção fisiopatológica actual mas que se virão a demonstrar no futuro ineficazes ou até nefastos?

Muito do que é feito na medicina actual, nomeadamente tratamentos cirúrgicos, é baseado num nível baixo de evidência e em estudos metodologicamente incorrectos.2,3 Não admira que quando se testa a prática comum, cerca de 40% do que é feito não tem benefício ou é prejudicial.4 São estas “sangrias” modernas que têm que ser detectadas e abandonadas. Para as detectar tem de se avaliar de forma sistemática os procedimentos através de estudos de iniciativa do investigador, respondendo a questões clínicas da prática médica diária, utilizando metodologias correctas e outcomes relevantes para os doentes. Para as abandonar, a investigação deve ser avaliada e os conhecimentos gerados devem ser rapidamente difundidos. Para atingir este objectivo são fundamentais as revistas com revisão por pares. Nestas a investigação é apreciada de forma crítica pelos revisores de forma a selecionar e aperfeiçoar a apresentação das investigações, antes da sua publicação e divulgação. A Acta Urológica Portuguesa é uma dessa revistas, comprometida a publicar artigos de qualidade científica, nas diversas áreas da Urologia.

Uma crítica apontada por colegas que submetem artigos de investigação à Acta Urológica é que o processo de revisão é muito demorado. A crítica é justa pois o processo, desde a submissão até a uma decisão final sobre o manuscrito, demora mais do que seria desejável. Todos os passos podem optimizados, mas o passo mais frequentemente responsável pela demora é a revisão do artigo pelos revisores.

Os revisores fazem um trabalho essencial para o funcionamento da revista, de forma totalmente pro bono. A Acta Urológica Portuguesa tem uma equipa de revisores de qualidade, mas que por motivos diversos, incluindo aumento do número de artigos submetidos, não tem conseguido responder a todas as solicitações com a celeridade desejável. Nesse intuito faz-se um repto público para que quem estiver motivado para colaborar com a Acta Urológica, como revisor, envie um email (apurologia@mail.telepac.pt) manifestando esse desejo, juntamente com Curriculum Vitae, contactos e áreas de interesse.

Assim, a Acta Urológica Portuguesa será mais eficiente no cumprimento dos seus objectivos e contribuirá na progressiva erradicação das “sangrias” modernas.

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References

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3. Costantino G, Casazza G, Cernuschi G, Solbiati M, Birocchi S, Ceriani E, et al. Errors in medical literature: not a question of impact. Intern Emerg Med. 2013;8:157-60.

4. Prasad V, Vandross A, Toomey C, Cheung M, Rho J, Quinn S, et al. A decade of reversal: an analysis of 146 contradicted medical practices. Mayo Clin Proc. 2013;88:790-8.

Published

2018-07-24